domingo, 16 de agosto de 2009

Se o meu dono falasse: 27 de janeiro de 2009

Sou um gato de cor preta e pêlo longo e brilhante. Vivo com o meu dono, a sua família, um irmão e uma cadela. Esta última é a minha maior concorrente em atenção do meu dono, mas eu até gosto dela. Há vezes em que volto das minhas voltas e ela ladra para chamar a atenção do meu dono que me vem abrir a porta. A casa é grande e ele passa horas enfiado na outra ponta, em frente a uma espécie de piano que em vez de som deita luz e às vezes também som. Depois vem o meu irmão, é o único que resta além de mim. Um dia conto a história da minha ninhada. Teve tanta sorte com o nome como eu, mas nunca atinou com ele. Por muito que o meu dono lhe ensinasse que se chamava Lorca ele sempre respondeu melhor ao som dos pratos. Não tenho muito a dizer da família, embora perceba que o meu dono gosta quase tanto deles como de mim. Do mais velho fujo a sete patas e da mulher só me chego quando a fome aperta, sei que se miar nas doses certas posso ganhar um belo petisco. Ao fim-de-semana vêm outros dois. Um deles se miasse seria tão gato quanto eu. A outra pessoa, com quem ele vem, pouco ou nada interfere na minha existência. O meu dono parece gostar muito destas pessoas, deve ser por serem todos arraçados do mesmo. Não há como não gostar do meu dono. Se não fosse ele eu teria provavelmente um nome foleiro, saberia bem melhor o que custam estas noites de inverno e nada disto se poria pois teria acabado no fundo dum balde cheio de água no primeiro dia de vida.


27 de janeiro de 2009.

Almada, o gato.